sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Brandura

Insignificante é o pingo d'água, todavia, com o tempo, traça um caminho no corpo duro da pedra. Humilde é a semente, entretanto, germina com firmeza e produz a espiga que enriquece o celeiro. Frágil é a flor, contudo, resite à ventania, garantindo a colheita farta. Minúscula é a formiga, mas edifica à força de perseverança, complicadas cidades subterrâneas. Submissa é a argila, no entanto, com o auxílio do oleiro, transforma-se em vaso precioso. Branda é a veste física, que um simples alfinete atravessa, todavia suporta vicissitudes incontáveis e sustenta o templo do Espírito em aprendizado, por dezenas de lustros, repletos de necessidades e padecimentos morais. O verdadeiro progresso prescinde da violência. Tudo é serenidade e sequência na evolução. Aprendemos com a natureza e adotemos a brandura por diretriz de nossas realizações para a vida mais alta, mas não a brandura que se acomoda com a inércia, com a pertubação e com o mal e sim aquela que se baseia na paciência construtiva, que trabalha incessantemente e persiste no melhor a fazer, ultrapassando os obstáculos que a ignorância lhe atira à estrada e superando os percalços da luta, a sustentar-se no serviço que não esmorece e na esperança fiel que confia, sem desanimo, na vitória final do bem.

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