quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Mais que um mero poema

Parece estranho
Sinto o mundo girando ao contrário
Foi o amor que fugiu da sua casa
E tudo se perdeu no tempo 
É triste e real
Eu vejo gente se enfrentando
Por um prato de comida
Água é saliva
Êxtase é alívio, traz o fim dos dias
E enquanto muitos dormem, outros se contorcem
É o frio que segue o rumo e com ele a sua sorte 
Você não viu?
Quantas vezes já te alertaram
Que a Terra vai sair de cartaz
E com ela todos que atuaram?
E nada muda, é sempre tão igual
A vida segue a sina 
Mães enterram filhos, filhos perdem amigos
Amigos matam primos
Jogam os corpos nas margens dos rios contaminados
por gigantes barcos
Aquilo no retrato é sangue ou óleo negro? 
Aqui jaz um coração que bateu na sua porta 
às 7 da manhã
Querendo sua atenção, pedindo a esmola de um simples amanhã
Faça uma criança, plante uma semente
Escreva um livro e que ele ensine algo de bom
A vida é mais que um mero poema
Ela é real é pão e circo, veja
A cada dose destilada, 
um acidente que alcooliza o ambiente
Estraga qualquer face limpa
De balada em balada vale tudo
E as meninas das barrigas tiram os filhos, 
calam seus meninos selam seus destinos
São apenas mais duas histórias destruídas
Há tantas cores vivas caçando outras peles
Movimentando a grife a moda agora é o humilhado engraxando seu sapato
Em qualquer caso, é apenas mais um chato 
E ainda que a velha mania de sair pela tangente
Saia pela culatra
O que se faz aqui, ainda se paga aqui
Deus deu mais que ar, coração e lar
Deu livre arbítrio
E o que você faz?

(Guilherme De Sá)

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